Debruçada na janela estava a pessoa que eu nunca conheci como deveria conhecer.Lá fora, o cinza da cidade estava hoje estranhamente acentuado.Lá embaixo passavam pessoas cegas, andando sem rumo, sem tempo, sem vida, perdidas em meio a um sistema de rotinas vãs.
Era estranho e difícil não admira-la.Seus cabelos tão negros caiam como um véu sobre seu rosto, escondendo as emoções que eu mais precisava saber.Fumava tão tranquilamente, de um jeito quase poético, feito uma artista de cinema.Sua nudez era superficial.Ninguém jamais viu o que se escondia por trás de olhares, sorrisos e gracejos.
Pela janela ela via como a vida pode ser bela, se você souber esconder o que sente.Um belo destrutivo, mal e instigador.
Hoje, já sem ela, não sei ao certo o que vejo, no cinza da cidade, que entra pela janela.
Jean Leal
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on 27 de set. de 2012
at 22:38
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