Pela Janela  

Posted by Jean Leal








Debruçada na janela estava a pessoa que eu nunca conheci como deveria conhecer.Lá fora, o cinza da cidade estava hoje estranhamente acentuado.Lá embaixo passavam pessoas cegas, andando sem rumo, sem tempo, sem vida, perdidas em meio a um sistema de rotinas vãs.
Era estranho e difícil não admira-la.Seus cabelos tão negros caiam como um véu sobre seu rosto, escondendo as emoções que eu mais precisava saber.Fumava tão tranquilamente, de um jeito quase poético, feito uma artista de cinema.Sua nudez era superficial.Ninguém jamais viu o que se escondia por trás de olhares, sorrisos e gracejos.
Pela janela ela via como a vida pode ser bela, se você souber esconder o que sente.Um belo destrutivo, mal e instigador.
Hoje, já sem ela, não sei ao certo o que vejo, no cinza da cidade, que entra pela janela.

Jean Leal

This entry was posted on 27 de set. de 2012 at 22:38 . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

1 Bondosas pessoas que comentaram

Fantástico como sempre, nos poemas, na vida!

Talvez eu tenha me identificado - mas só talvez, veja bem haha - com esse belo texto.

Simples e tão...tão...meu..eu. Obrigada por teus textos e poemas querido poeta de longe.

De uma, em primeiro lugar fã e logo depois amiga, da terra onde Criolo disse que não existe amor.

Mayara.

28 de setembro de 2012 às 21:36

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