Eu tenho medo do possível
Por isso carrego comigo o improvável
Pra não morrer de forma repentina
Pois quem morre assim
é quem cai na rotina;
E sei que muitos são assim,
Pois parte de mim
é a pessoa que mata
E a outra é a pessoa que morre;
O choro daquela criança com fome
também é meu
E quem acabou com aquele homem
também fui eu.
Pois aqui não há santos nem orações
Cada um faz de si seu proprio deus;
E vou andando mesmo assim,
Pra não esquecer de onde eu vim
Nem pra eu onde eu quero chegar;
Eu vou me jogar no mar
E ali construir minha própria antlâtis
E nesse instante
Tentar trazer de volta o que sempre foi meu.
Jean Leal
Foto:Angélica Lira